Easton não conseguia acreditar. Será que o pai dele realmente pensou que poderia hospedar a filha de sua nova namorada sem quaisquer consequências? E para piorar as coisas, a querida Alice realmente achou que poderia invadir sua vida e rotina e não seguir as regras dele?
Quando Alice aceitou essa nova vida ao lado de sua mãe e nova família para cursar a faculdade, ela sabia que não seria fácil, mas ela não fazia ideia de toda a extensão disso. Um beijo transformou essa experiência, já difícil, em um verdadeiro inferno. Mas, para o azar de uns, ela nunca teve medo de se queimar e, antes mesmo de se estabelecer, ela já estava pronta para declarar guerra e destruir aquele que sentia prazer em humilhá-la e subjugá-la.
Se for verdade que no amor e na guerra vale tudo, não faltarão ataques nesta batalha.
LOVE STORM SERIES:
- Meu Furacão é Você
- Rompendo Regras
1
ALICE
Tudo o que eu sentia era culpa.
Deixar meu pai e Book sozinhos em Seattle
pesava no meu peito como uma pedra.
Eu me senti como uma traidora, como se
tivesse sido comprada, uma oportunista, uma que tinha preferido sua carreira
universitária em vez de sua família.
Nem mesmo as palavras do meu pai
conseguiram me fazer sentir melhor.
— Alice, o que eles estão te oferecendo é
o que você desejou a sua vida inteira, e você merece isso. Não pense nem por um
momento em não ir por minha causa. Porque se você ficar, eu quem me sentirei
culpado por te segurar aqui e prejudicar o seu futuro.
Eu sabia que ele tinha razão, mas ainda
não conseguia me sentir bem com aquilo.
Ele e eu éramos inseparáveis desde que
minha mãe concordou em se mudar para Eugene, no Oregon, para ter a promoção que
ela tanto queria.
Me recusei a ir com ela pois era muito
apegada ao meu pai, nosso cão, meus amigos e meu colégio, mas as coisas tinham
mudado.
Eu me formei, meus amigos se mudaram para
estudar em universidades diferentes espalhadas pelo país, meu pai trabalhava o
dia inteiro e Book tinha começado a passar a maior parte do tempo em torno da
casa dos vizinhos desde que eles tinham adotado um cachorro.
O dinheiro dos meus estudos tinha sido
drenado tempos atrás quando a casa estava praticamente desmoronando e quanto à
minha mãe, mesmo que meu pai e eu fossemos orgulhosos demais para pedir apoio
financeiro, ela tinha muitas despesas para
poder nos ajudar de qualquer forma.
Eu tinha crescido com o fardo da
responsabilidade desde que a transferência da minha mãe me deixou sozinha com
meu pai.
Eu passei a cuidar de todas as coisas que
eram responsabilidades dela antes e eu sempre me senti como um pilar para o meu
pai.
Não sabia o que fazer. Fiquei me
perguntando se eu tinha feito a escolha certa em abandoná-lo à própria sorte e
me mudar para Oregon para frequentar a universidade e morar temporariamente com
minha mãe e seu novo parceiro, Mitchell Carson. Ele também era irmão do reitor
da universidade, que pude ingressar graças à sua recomendação e sua ajuda
financeira.
Aparentemente, minha mãe se apaixonou por
um homem muito rico. Tão rico que ele nem pensou duas vezes em pagar pelos meus
estudos mesmo não me conhecendo, e tão apaixonado por ela que faria qualquer
coisa para realizar o sonho de sua namorada de ter sua filha de volta.
Eu sempre quis ir para a faculdade para
estudar jornalismo, mas o preço foi alto se eu pensasse no meu pai e no fato de
que eu o tinha deixado para ir morar com aquela que nos abandonou para tirar
fotos ao redor do mundo como fotojornalista para uma revista.
A única coisa que me convenceu a embarcar
naquele ônibus e fazer a viagem de seis horas, foi o desejo de deixar meu pai
orgulhoso e aproveitar ao máximo aquela oportunidade única.
Eu ri amargamente quando desembarquei do
ônibus e minha mãe me enviou uma mensagem informando que tinha sido detida no
trabalho para fazer uma sessão de fotos e não poderia me buscar.
Eu ficaria surpresa era se realmente
viesse… Você nunca vai mudar, não é? Sempre foi muito difícil para você
arranjar um tempo para sua filha.
Não querendo perder mais tempo remoendo,
peguei um táxi para o endereço que ela me enviou. Alguma outra pessoa teria que
abrir a porta para mim e me deixar entrar.
***
Quando o carro parou na frente da mansão
cercada por verde, fiquei admirada com tanta riqueza.
Para minha surpresa, o portão de ferro
estava aberto, a avenida arborizada estava cheia de carros estacionados, e dava
para ouvir música alta e gritos vindos da casa.
Atordoada e exausta pela viagem,
desembarquei do táxi e fui em direção à mansão
Eu hesitantemente me aproximei daquela
estrutura cúbica, cor de terra, que se misturava com o ambiente natural ao
redor. Era uma mansão futurista, dividida em cubos escalonados que acomodava
vários cômodos. A base era formada por dois cubos grandes, um deles tinha um
lado inteiramente de vidro, já no andar superior havia, pelo menos, seis
cômodos menores, divididos também em cubos que formavam um conjunto incrível de
intervalos e projeções. Todos aqueles cômodos tinham janelas enormes com vista
para a vegetação circundante.
Imediatamente notei uma constante
movimentação de jovens, se divertindo e correndo por toda parte. Alguns estavam
ocupados bebendo cerveja, outros estavam com roupas de banho tomando sol.
Apesar de já estarmos em setembro, o tempo
ainda estava extremamente quente, e eu também estava vestida com apenas um par
de leggings e um top básico.
Desorientada e não conseguindo encontrar
alguém capaz de me ajudar, arrastei minha mala pela mansão, passando por duas
salas de estar e terminando nos fundos da casa que dava em uma área de
churrasco e piscina.
Lá eu encontrei o auge do que deveria ser
uma festa.
A piscina estava cheia de pessoas da minha
idade e a música era ainda mais ensurdecedora.
Olhei em volta.
Eu sabia que o parceiro da minha mãe tinha
filhos, Easton e Jake, um dos quais tinha a minha idade, mas eu não sabia quem
eles eram. Eu nunca tinha visto uma foto deles, e minha mãe me disse que eles
não moravam permanentemente na casa com o pai.
Atordoada com a bagunça, exausta e
derretendo de calor pela viagem, coloquei minha mala contra a parede e tentei
me infiltrar no caos com a intenção de pedir ajuda a alguém.
Eu tinha sido nunca boa em quebrar o gelo
ou abordar desconhecidos, mas respirei fundo e juntei coragem.
Eu estava a ponto de me aproximar de uma
garota de biquíni bebendo uma Pepsi quando vi um cara sair da água e vir em
minha direção.
Eu me virei e notei os seus olhos azuis
tipo gelo focados em mim.
Com esperanças que ele fosse um dos filhos
do parceiro da minha mãe, eu me afastei da garota e fui até ele.
Deixei meu olhar percorrer aquele garoto.
Ele era pelo menos vinte centímetros mais alto do que eu, com um corpo esguio e
esculpido, coberto apenas por uma bermuda azul. Eu fiquei fascinada por sua
pele bronzeada, tão diferente da minha que era branca como leite, mas, acima de
tudo, pela tatuagem que cobria completamente o braço direito e ia até o ombro.
Era uma reprodução da litografia “Relatividade” de Escher, uma sucessão de
escadas em várias direções, mas que, juntas, passavam uma sensação de irrealidade
e paradoxo. Na tatuagem, no entanto, não havia pessoas, apenas dragões voando
pela cena que se estendia até o ombro, onde um dragão ainda maior se agarrava,
com garras tão longas e afiadas que penetravam na carne, tornadas ainda mais
realistas por feridas sangrentas que foram tatuadas na pele na base das pernas
do animal.
O que leva uma pessoa a tatuar feridas e
paradoxos na pele?
Com uma leve sensação de desconforto com a
imagem, concentrei-me no rosto de queixo quadrado, maçãs do rosto salientes,
nariz reto e boca carnuda, curvada em um sorriso enigmático e arrogante,
combinado com uma expressão de orgulho que estava estampada em seu rosto.
Cada célula do meu corpo gritou para mim
que aquele menino era um problema.
Só quando ele estava a um passo de mim é que
notei as gotas de água que continuavam a deslizar por seu cabelo castanho
ondulado e, em seguida, escorriam por seu rosto e desciam pelo seu peitoral
perfeito e abdômen definido.
Havia algo naquele menino que me
impressionou. Ou talvez fosse apenas o cansaço da viagem.
Eu não era do tipo que se intimidava
fácil, mas o fato é que eu não consegui dizer uma única palavra.
Esperei para ouvir o som de sua voz,
enquanto o ar entre nós era sugado por sua presença.
Eu o vi se curvar sobre mim.
Nossos olhares permaneceram acorrentados
um ao outro e por um momento pareceu que eu não tinha saída.
Tive vontade de reagir, mas estava muito
cansada e, no final, me rendi àquela proximidade que me fazia sentir vulnerável
e incomodada.
— Você deve ser Alice Preston — sussurrou
ele para mim. Eu mal conseguia ouvi-lo por causa da música alta, de modo que
fui forçada a me aproximar ainda mais dele.
Com alívio, entendi que se tratava de um
dos filhos do companheiro de minha mãe.
Eu sorri e balancei a cabeça, grata por
encontrar alguém que pudesse me ajudar.
Um momento se passou e algo mudou.
Sua mão direita pousou levemente em meu
rosto, enquanto seu braço esquerdo rodeou minha cintura, me puxando contra ele.
Meus reflexos estavam lentos demais para
recuar e tudo o que conseguir fazer foi colocar mãos para frente ao colidir com
seu peitoral úmido e fresco.
Estremeci com a mudança repentina de
temperatura de quente para frio.
Tentei entender o que estava acontecendo,
mas sua mão me forçou a manter meu rosto próximo ao dele, enquanto nossos olhos
se fixavam e nossas respirações se fundiam.
Eu enfim consegui recuar, mas meu gesto
intensificou o controle dele sobre meu corpo, sua mão esquerda aberta nas
minhas costas. Senti minhas roupas umedecerem onde nossos corpos se tocavam. O
frescor me deu alívio porque estava com calor, mas o contato físico inesperado
me assustou, me levando a buscar espaço e oxigênio.
— Que diabos…?
O cara estava me beijando!
Tentei afastá-lo, mas era como tentar
mover uma parede e, de repente, me vi com as costas contra a parede e sua mão
deslizando em direção ao meu traseiro.
Zangada e atordoada com o que estava
acontecendo comigo, bloqueei sua mão e ele, em resposta, pressionou o corpo
ainda mais ao meu, enquanto com sua boca me forçava a abrir os lábios e
responder ao seu beijo.
O que mais me chateou foi que o tempo todo
ele ficou me olhando como se quisesse checar minhas reações e analisar quanto
tempo eu levaria para ceder.
Apesar do cansaço, não cedi, permaneci
rígida sob seu ataque.
Eu não sei quanto tempo ele me prendeu
naquele beijo.
Quando ele se separou de mim, me vi
cambaleando e com as pernas trêmulas.
O que me manteve de pé foi seu braço que
agora rodeava meus ombros, enquanto ele encarava seus convidados que nos
observavam com curiosidade e diversão.
— Meus amigos, eu apresento a vocês Alice,
minha nova irmã! — gritou o garoto eufórico, provocando o riso de todos os
presentes que o parabenizaram pelo acolhimento que acabara de me dar.
Todos estavam animados por terem visto um
deles beijar uma garota que deveria ser tratada como sua irmã daquele jeito.
Aparentemente, aquele gesto incestuoso, em vez de perturbar e despertar o
desprezo, acabou por aumentar o índice de popularidade e o ego do…
Qual é o nome dele?
— Easton, você não perde tempo, hein? —
exclamou um garoto loiro, cumprimentando o cara que acabara de me beijar e que
agora estava voltando à piscina.
Easton.
Furiosa, olhei de volta para aquele que há
um minuto se tornou meu novo irmão postiço.
O sorriso insolente e arrogante que ele me
deu permaneceu indelevelmente gravado em minha mente.
Jamais esqueceria sua expressão triunfante
e presunçosa.
Parte de mim queria dar um tapa nele e
afogá-lo na piscina, mas eu era muito boa em me controlar e não perder a
cabeça. Além disso, estava exausta pelas horas de viagem e me sentia sozinha,
sem família e sem casa.
Irritada e devastada pelo que acabara de
passar, peguei minha mala e me dirigi para a saída, sem ao menos olhar para
Easton e seus amigos que começaram a zombar de mim pela minha fuga.
Tive vontade de chorar e, por dentro, tudo
o que consegui sentir foi medo de ter cometido um erro terrível ao aceitar
aquela proposta de me mudar para Oregon.
Eu estava do lado de fora da porta e
pronta para chamar um táxi quando vi minha mãe chegar em um carro zerado. E que
carro! Um Maserati, o modelo mais novo, uma diferença brutal diante do lixo que
meu pai costumava ir trabalhar, isso quando ele conseguia fazer com que o carro
desse partida.
— Alice, me desculpe por não ter ido
buscá-la na estação de ônibus. — Ela se desculpou assim que desceu do carro, me
abraçando com força.
Eu não retribuí e ela imediatamente
entendeu que eu não estava com humor para perdoá-la.
— Você já foi lá dentro? — perguntou ela.
— Sim. Eu conheci Easton, seu enteado —
respondi com uma voz irritada, pronta para revelar a recepção humilhante e
obscena que tive por culpa dela, mas o garoto em questão veio e me interrompeu.
— Easton, outra festa? Você não se lembra
do que seu pai lhe disse da última vez? — Minha mãe tentou censurá-lo com um
tom tão condescendente e dócil que me deu vontade de quebrar alguma coisa.
— Eu organizei essa festa para comemorar a
chegada da sua filha. Espero que tenha gostado — respondeu ele, lançando-me um
olhar provocador que fez meus nervos saltarem.
— Não, eu não gostei nem um pouco! —
respondi sem me deixar intimidar. — Eu odeio festas e odeio garotos arrogantes
e autoconfiantes que pensam que são deuses na Terra, livres para fazer qualquer
coisa, e que não têm escrúpulos em deixar os outros desconfortáveis.
— Ei, ei, pessoal! — Minha mãe passou de
preocupada para alarmada. — Obviamente, vocês começaram com o pé esquerdo, mas
lembrem-se que de agora em diante seremos uma família. Eu quero que vocês se
deem bem, entendeu? Mitchell e eu queremos muito que nossos filhos tenham um
relacionamento pacífico e amigável. Também insistimos para que o reitor da
universidade colocassem vocês no mesmo dormitório misto, para que sempre
tivessem o outro por perto.
— Fantástico — sibilei amargamente.
— Alice, eu entendo que não foi fácil para
você aceitar essa transferência, mas eu gostaria que você colocasse seus
problemas de lado e tentasse se dar bem com Easton. Ele nasceu e foi criado
aqui. Ele conhece todo mundo e tem muitos amigos. Tenho certeza que ele saberá
como fazer você se sentir em casa — disse ela, tentando defendê-lo.
Eu estava pronta para fazer uma cena.
Minha mãe tinha acabado de chegar, ela não sabia por que eu estava com raiva,
mas já havia decidido que a culpa era minha e não de Easton. Eu queria gritar
com ela com todo o meu desprezo e ressentimento, mas não podia esquecer que fui
eu quem concordou em morar em Oregon e cursar a universidade paga por seu novo
namorado.
Esse era o preço que tinha que pagar pela
escolha que fiz.
EASTON
Como poderia desfrutar da satisfação de
ter acabado de humilhar e causar uma crise com aquela que meu pai queria que eu
considerasse minha nova irmã, quando ela continuava a me lançar olhares de
reprovação e não parecia querer baixar a cabeça e aceitar minha posição
privilegiada?
Desde o primeiro momento em que a vi,
fiquei hipnotizado por sua atitude orgulhosa e imparcial, apesar do cansaço que
vi em seu rosto.
Aquela aura intocável e inviolável que
emanava dela tinha me transformado em uma fera, tanto que fui levado à beijá-la
tão descaradamente e perturbá-la na frente de todos, e depois deixá-la sozinha,
exposta ao riso público.
A festa era minha arena e eu era o
gladiador. Eu nunca permitiria que uma garota invadisse o meu território sem
arcar com as consequências.
Eu tinha certeza que minha mensagem tinha
sido recebida, mas aqueles olhos verdes não comunicavam nenhuma submissão e
seus cabelos avermelhados pareciam chamas, prontas para queimar qualquer um que
se aproximasse. Ela seria muito sedutora e provocante se não fosse aquelas
terríveis sardas espalhadas pelo seu rosto, principalmente em seu nariz e
bochechas. Naquele momento, ela parecia mais uma boneca.
— Easton, porque você não mostra o quarto
nós preparamos para Alice, enquanto eu busco os empregados para dar um fim
nesta festa antes que seu pai chegue? — perguntou Helena, a mãe de Alice,
gentilmente.
Geralmente, eu teria ido embora sem dar
sequer uma desculpa, mas Helena sempre foi amável comigo e muitas vezes me
defendia para o meu pai, então eu assenti e dei um passo de lado para dar
passagem à nova hóspede. Como um verdadeiro cavalheiro.
Só que a vadia passou tão perto de mim que
a mala passou por cima do meu pé descalço.
Aposto que ela fez aquilo de propósito, e
o sorriso em seu rosto era a prova que ela tinha apreciado sua pequena vingança
estúpida.
Mais uma vez, aquela atitude orgulhosa e
arrogante!
Meu Deus, como eu a odiava!
Eu deveria tê-la jogado na piscina em vez
de apenas molhar suas roupas onde meu corpo molhado tocou o dela.
Jurei para mim mesmo que faria qualquer
coisa para tornar a vida dela um inferno. Pelo menos até irmos para a faculdade
em dois dias.
Então eu a faria desaparecer do meu radar.
Sua mera presença era o suficiente para me fazer perder a paciência.
Ignorei a dor no pé e segui a garota,
apontando para a escada.
O quarto dela ficava no final do corredor,
não muito longe do meu.
Sem dizer uma palavra, abri a porta.
— Bem-vinda ao inferno! — exclamei com a
intenção de intimidá-la, esquivando-me quando ela passou por mim com sua mala
para entrar.
— O inferno é meu habitat. Melhor tomar
cuidado para não se queimar — respondeu ela impudentemente, lançando mais um
desafio.
— Cuidado com o que você diz — ameacei.
— O mesmo pra você.
Irritado com sua atitude teimosa do tipo
que sempre quer ter a última palavra, bati a porta e saí.
Já estava a caminho da piscina quando
Helena me deteve novamente.
— Seu pai chegará em uma hora. Desta vez
jantaremos cedo. Poderia avisar a Alice?
— Por que não vai você? Ela é sua filha,
não minha — retruquei. Eu não era servo de ninguém.
— Estou no telefone — disse ela, apontando
para o celular perto de sua orelha.
Diante disso e cansado da bagunça que
havia sido criada por causa da chegada da Alice, e agora do meu pai, eu
rapidamente disse adeus aos meus amigos e voltei para o andar superior.
Eu estava prestes a bater à porta do
quarto dela, mas no final decidi apenas abri-la sem ser notado.
— Espero ficar nesta casa o mínimo
possível. Não me sinto bem-vinda e mãe… Ela não faz mais parte da minha vida.
Ela prefere o enteado a mim — sussurrou ela, chateada e assustada, gesticulando
com as mãos trêmulas. — Pai, eu sei… mas eu não quero ficar aqui. Sinto sua
falta.
Seu pai disse algo a ela, e ela deu uma
risada fraca e rouca. Ela parecia estar à beira das lágrimas, mas se recompôs.
— Você tem razão, tudo vai ficar bem. Só preciso me acostumar e me distanciar
daqueles que me deram as piores boas-vindas da minha vida. Só de lembrar,
minhas pernas ainda tremem.
Então, a garota orgulhosa e imperturbável
não é tão fria e insensível como parece!
Respirei fundo, saboreando o poder que
sentia que já tinha sobre ela.
Destruí-la seria mais fácil do que o
esperado.
Silenciosamente fechei a porta e desci as
escadas.
Quem se importa se ninguém a avisasse que
o jantar seria mais cedo.
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