Zane Thunder é rico, charmoso, solteiro, desejado por muitos e está à frente da Thunder Company, uma das agências de publicidade mais famosas e respeitadas de Chicago. Na vida, ele sempre teve que lutar, mas, no final, ele conseguiu tudo o que queria. Tudo, exceto Audrey. A única mulher que ele amou e que o traiu, destruindo sua felicidade. Audrey Larson perdeu tudo. Sua vida feliz terminou com o divórcio do único homem que ela amou, Zane. Quando eles se separaram, sua descida ao inferno começou, mas quando parecia que ela havia perdido tudo, Zane reaparece em sua vida.
Quatro anos se passaram desde a última vez que eles se viram. Será que esses anos a farão esquecer e começar uma nova página, ou o encontro deles apenas reacenderá velhos rancores e o desejo de vingança que sempre existiu?
1. Audrey
— Ótimo trabalho, Srta. Larson, — Peter Anderson murmurou rapidamente, vendo-me correr de volta para a cozinha e pegar mais uma ordem para levar até a mesa.
— Obrigada, —
sussurrei animada pelo elogio, antes de sair para a elegante sala de jantar do
prestigiado restaurante, minhas mãos carregadas de pratos.
— Não acredito!
Anderson acabou de te elogiar. Você já pode se considerar contratada! Parabéns,
Audrey! — Sharon, minha colega de trabalho, exclamou em voz baixa, enquanto eu
tentava não esbarrar nela ao me mover entre as mesas atribuídas a mim.
Naquele dia, o
Prestige estava cheio. Todas as mesas estavam ocupadas, exceto uma. Até o
balcão do bar estava lotado e por todos os lugares havia pessoas indo e vindo
em todas as direções. O risco de colidir com alguém era extremamente alto e
esse era um risco que eu absolutamente não podia arcar com as consequências.
Esse era o meu
terceiro dia de trabalho como garçonete do Prestige e o último dia do
meu período de experiência, antes de decidirem se me contratariam
permanentemente ou me dispensariam caso não fosse adequada para o trabalho no
restaurante.
Na verdade, eu
nunca quis ser garçonete. Era formada em Marketing com especialização em
Administração e Relações Públicas. Além disso, tinha estudado publicidade. Esse
sempre foi o meu mundo.
Trabalhei para
agências de publicidade toda a minha vida, até meu divórcio e minha mudança
para Gatesville para ficar perto do meu pai, que acabou em uma cadeira de rodas
depois de um terrível derrame que o paralisou do pescoço para baixo.
Agora, estava
de volta a Chicago, que eu considerava a minha cidade, o lugar onde todos os
meus sonhos sempre se realizaram.
No entanto,
logo descobri que, devido aos quatro anos que passei longe, muitas portas
tinham se fechado para mim. Depois de anos em Gatesville, cuidando do único
parente que eu tinha vivo, Chicago tinha mudado.
As demandas,
experiências e competitividade atingiram níveis que fizeram minha reintegração,
na profissão que eu tinha atuado desde sempre, quase impossível. Aparentemente,
ninguém se importava que eu tivesse planejado e organizado campanhas
publicitárias influentes. A única coisa que todos reparavam era aquele
intervalo de quatro anos durante o qual eu tinha sido cortada do mundo
trabalhista.
E agora, aqui
estava eu, sendo garçonete em um restaurante de luxo, cercada por prédios que
reuniam os escritórios de algumas das maiores empresas de publicidade e TI da
cidade.
Tinha procurado
desesperadamente por trabalho depois da morte do meu pai, sobrecarregada pelos
custos hospitalares que ainda precisavam ser pagos.
Todas as minhas
economias e o dinheiro que o meu pai tinha deixado de herança tinham acabado.
Tudo o que me restava fazer era voltar a trabalhar em Chicago, a única cidade
que eu conhecia e que poderia me oferecer oportunidades que uma cidade pequena
como Gatesville nunca poderia me proporcionar.
Por causa dos
meus vários problemas financeiros, não podia me dar ao luxo de esperar até
encontrar o emprego perfeito, então tive que aumentar o leque de opções e, por
fim, decidi encontrar um emprego que me permitisse entrar em contato com o
mundo de luxo, sem deixar evidente, claro.
Ser garçonete
no Prestige significava isso para mim.
Não eram só os
belos uniformes que me fizeram sentir à vontade, mas a possibilidade de
conhecer os novos donos do mundo da publicidade que despertavam o meu
interesse.
Agora, a única
coisa que restava fazer era passar o período de experiência de três dias e
conseguir esse emprego, e enfim poder pagar o aluguel da casa, que já estava
três meses atrasado. Precisava começar a sondar o caminho para o meu futuro
também.
Naquele dia eu
soube que tinha feito a escolha certa.
Enquanto servia
as bebidas, bem como os deliciosos pratos elaborados, ouvi conversas
extremamente interessantes: uma certa Savannah, estava irritada com o trabalho
publicitário que ela havia solicitado para sua linha de cosméticos. Uma
diretora criativa havia renunciado, deixando a Marshall Company em uma
situação difícil, já que eles não sabiam agora como satisfazer os pedidos de
novos clientes. Um certo Farlight estava discutindo com uma mulher o desejo de
renovar o logotipo da sua marca de seu licor…
Em suma, na
minha frente, haviam infinitas possibilidades de ter contato com o cliente
certo e conseguir um emprego de Relações Públicas em uma empresa de publicidade
barganhando algumas das dicas que tinha descoberto. Sabia muito bem que haviam
pessoas que pagariam muito por essas informações.
Eu me sentia no
sétimo céu. Apesar do esforço pela enorme e exigente clientela, sempre com
pressa, não diminuí o ritmo nem pedi por uma pausa.
— Leve isto
para a mesa sete, — Anderson ordenou de repente, entregando uma bandeja cheia
de aperitivos.
Esta era a
última das mesas que estavam livres. Olhei para o relógio, mais algumas horas e
meu dia de trabalho terminaria.
Ziguezagueando
entre uma mesa e outra, entre um cliente e um funcionário, cheguei às mesas
atribuídas a mim, mas assim que me virei rapidamente para a direita para evitar
o cachorro de um cliente que tinha escapado da coleira, me vi de repente em
frente a uma figura de preto. Antes que eu pudesse virar ou focar meu olhar no
que estava acontecendo, senti a bandeja bater abruptamente contra aquele
obstáculo, derrubando todas as taças de cristal no chão, que se despedaçaram em
mil pedacinhos.
— Ah meu Deus!
— Sussurrei em desespero, diante do tapete de vidro quebrado, enquanto meus
olhos subiam pela silhueta da figura na minha frente. — Eu sinto… sinto muito…
não te vi… o cachorro me distraiu e… — continuei a gaguejar em choque, olhando
para a camisa branca do homem, agora encharcada e manchada por várias bebidas.
Eu continuava a
balbuciar minhas desculpas, quando finalmente tive a coragem de olhar para cima
e encarar o olhar furioso do homem.
De repente,
senti meu coração acelerar.
Assim que meus
olhos se encontraram com os azuis dele, não consegui recuperar o fôlego e não
consegui me recompor por vários segundos.
— Zane, — eu
disse, ainda incapaz de respirar, enquanto cada parte do meu corpo que havia
sido tocada e beijada por ele no passado parecia despertar.
— Audrey, — ele
respondeu de forma seca e irritada.
— O que está
fazendo aqui? — Consegui perguntar, incapaz de pensar em qualquer outra coisa,
exceto naquela coincidência azarada, que só poderia levar a duas coisas: o
risco de perder meu emprego e trazer de volta as memórias de nossa vida de
casados que tentei, por quatro anos, apagar da memória.
— Sr. Thunder,
estou mortificado, — disse o dono do local imediatamente, seguido por outros
dois funcionários que vieram imediatamente limpar o dano e remover o vidro do
chão antes que pudesse ferir alguém.
— Anderson, eu
pensei que você era mais cuidadoso na escolha de seus funcionários, — Zane
sibilou severamente, limpando seu paletó e camisa com um guardanapo.
Aquela fala me
atingiu como um soco no estômago. Lembrei-me daquele tom inflexível e severo de
quando ele está maquinando algo.
Olhei perplexa
para o meu ex-marido e o que vi me fez sentir como se estivesse pairando sobre
um precipício.
Ele olhava para
mim enquanto falava com meu chefe. O que notei não foi mera irritação, mas
também uma satisfação velada, mascarada por um sorriso ao ouvir as palavras de
Anderson quando tentei consertar o dano.
— Peço
desculpas pelo que aconteceu, se eu puder fazer alguma coisa… — Tentei dizer,
tentando não pensar o quanto estava me custando me desculpar com a pessoa que
destruiu nosso casamento.
— Miss Larson,
só há uma coisa que você pode fazer, pegar suas coisas e sair daqui.
Imediatamente, — respondeu Anderson furiosamente, sem sequer me olhar.
Ah, não! Perdi
o emprego!
Chocada e
incapaz de reagir, olhei para Zane pela última vez. Ele não estava sorrindo,
mas tinha um brilho de triunfo em seus olhos.
— Você fez isso
de propósito, não fez? — Tinha acabado de perceber naquele momento. — Eu
preciso deste trabalho, — acrescentei, apesar de seu silêncio.
— Como se
atreve? Saia já daqui! Você me ouviu, ou vou precisar chamar a polícia? — Meu
ex-chefe interveio, entre mim e Zane.
— Estou indo, —
me rendi, arrasada.
Quatro anos
tinham se passado desde o meu divórcio, desde o dia em que Zane acabou ganhando
e me tirando tudo o que tinha. Depois de todo esse tempo, pensei que minha
sorte tinha mudado, porém… Zane tinha vencido novamente, ele acabou fazendo com
que me demitissem, com toda certeza, aquela situação tinha sido intencional.
Às pressas, fui
para os fundos, tirei meu uniforme e esvaziei meu armário. Nem notei que tinha
começado a chorar, um choro de pura frustração, raiva, medo, decepção e
amargura… Eram lágrimas de derrota.
Ver Zane me
perturbou muito, até demais. Muito mais do que eu poderia imaginar.
Eu não o via há
anos, e quando decidi voltar para Chicago, sabia que a agência de publicidade
dele estava localizada ao norte da cidade, então me impus a nunca ir lá.
Na verdade,
tinha procurado uma casa no sul e um emprego no sudoeste. Esperava nunca
encontrá-lo, mesmo repetindo várias vezes para mim mesma que depois de todos
esses anos não sentia mais nada por ele, a não ser uma indiferença fria e
sincera.
Enxuguei minhas
lágrimas.
Audrey, ele não
é mais seu marido e não pode mais te machucar.
Correndo,
peguei minhas coisas e fugi do restaurante, sem dizer adeus a ninguém.
— Audrey. —
Ouvi a voz rouca de Zane atrás de mim. Ouvir a voz dele chamando o meu nome foi
puro veneno para o meu coração.
Virei e o vi.
Ele também tinha deixado o Prestige.
— Não basta me
fazer perder o emprego? O que mais você quer Zane? Não foi o suficiente para
você ter tirado tudo de mim quatro anos atrás? — Explodi furiosamente, tentando
parar minhas lágrimas.
— Eu tirei tudo
de você? — Ele rosnou, aproximando-se tanto que eu podia sentir sua respiração
na minha pele e seu cheiro marcante.
Eu não
conseguia responder, estava atordoada demais com aquela proximidade e pelas
sensações que o cheiro de sua pele sempre conseguiu desencadear.
Por que não
pude esquecer o seu perfume?
Como era
possível que, depois de tantos anos, seu cheiro ainda conseguisse me fazer
prisioneira como antes?
Zane não
pertence mais a você. Lembre-se disso.
Eu acenei
levemente com a cabeça.
— Audrey, foi
você quem começou, destruindo nosso casamento e fugindo de mim. Você realmente
pensou que poderia fazer o que fez sem sofrer as consequências? — Ele sibilou
ameaçadoramente, sua mandíbula contraída, e seus olhos cerrados.
— Você já não
se vingou o suficiente?
— Vingança?
Não, baby, eu só peguei o que era meu.
— Seu ou nosso?
Gostaria de te lembrar que nós fundamos a Thunder Company juntos e
depois disso, você me expulsou.
— Você foi
embora!
— Eu sei e é
por isso que eu concordei em deixar tudo e não pedir por metade da agência. Só
peguei de volta o dinheiro que me pertencia antes de me casar. — Eu o lembrei
com raiva.
Sim, parti
porque não podia mais me sentir sufocada em um casamento sem amor e
compromisso, desde que nós fundamos a nossa agência de publicidade. O que era
para ser um sonho que se realizou se transformou em uma obsessão, com o sucesso
de Zane e uma completa revogação do tempo dedicado ao nosso amor.
— Você pegou o
que merecia. Agradeça por eu não ter tomado isso de você também, você não
merecia nada.
Não faço ideia
do que aconteceu comigo, só vi minha mão se mover por conta própria e dar um
tapa na cara dele. Nunca fui uma pessoa violenta, mas estava com os nervos à
flor da pele.
Em um ano tinha
perdido meu pai, a casa da minha família, tinha finalmente me mudado de
Gatesville para Chicago, e não conseguia encontrar um emprego na minha área,
além disso estava cheia de dívidas. Agora, Zane e esta demissão.
— Por favor, me desculpe… não quis… — eu sussurrei me sentindo culpada. Nunca tinha ido tão longe, nem mesmo durante as terríveis brigas do nosso último ano de casamento ou no processo de divórcio.
— Uau! Então, este é o resultado do ódio que você acumulou nos últimos quatro anos, — murmurou Zane com raiva, esfregando sua bochecha vermelha. — Não basta eu ter perdido um cliente importante com o qual tinha que assinar um contrato? Não… agora você até me bate na frente de todos, no meio da rua.
Olhei ao redor e notei alguns transeuntes nos encarando horrorizados. — Me desculpe, — murmurei, minhas bochechas queimando de vergonha. Como pude fazer isso? Como poderia ter batido no homem que eu amei por sete anos e com quem tinha cortado todas as relações por longos quatro anos?
— Não sei o que fazer com as suas desculpas — Zane retrucou secamente, virando para a rua e parando o primeiro táxi disponível que passou. Não consegui nem me despedir, ou dizer qualquer outra coisa na verdade. Zane tinha partido.
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